2.
O tempo está cinza e nublado. Abro os olhos e claridade me incomoda. Ao me mexer sinto as dores de sempre, diárias. Olho o teto e deixo o pensamento divagar nos últimos oito meses e me vejo combatendo a apatia, a procrastinação, o labirinto em que me encontro, depois da mudança total. Não quero avançar para encontrar a saída, porque estou muito cansada, fraca, trêmula. Paro, só tenho o desejo de ouvir o silêncio, acalmar a mente barulhenta. O pânico e a tristeza já não são fortes, mas ainda não reencontrei motivação para seguir. Ao redor tudo está fora de lugar, literalmente e dentro mim, acontece a mesma coisa. Sim, tenho todas as ferramentas para fazê-lo e dar o melhor de mim, mas me perdi. Onde estou? Por que parei de avançar? Meu corpo pede pausa, pede ajuda. Tento cuidar de mim, mas há dias que só me contento em ficar imóvel, pois é muito doloroso me mover. Os filmes e séries me deixam longe das coisas que não posso controlar, como o desamor, a ingratidão, a desconfiança, as más